Em reunião na manhã desta segunda-feira, a Comissão da Verdade revelou
que já identificou “várias dezenas” de integrantes da repressão. São militares,
policiais e até civis que atuaram durante a ditadura. Segundo a comissão,
algumas dessas pessoas já foram ouvidas e outras ainda serão, inclusive por
meio de convocação. Quem se recusar a comparecer pode ser processado por
desobediência. Até agora já foram realizadas 40 outivas pela comissão da
verdade.
No encontro com representantes de comitês da verdade dos estados, os
integrantes da comissão nacional fizeram relatos sobre o andamento dos
trabalhos. Durante a apresentação do grupo que trata da estrutura da repressão,
o assessor que fez a explanação, Guaracy Mingardi, falou sobre os membros da
repressão.
- Já identificamos várias dúzias, não foram duas ou três, de membros da
repressão. Com nome, RG e endereço – disse Mingardi, que assessora o grupo
coordenado por José Paulo Cavalcante, um dos integrantes da comissão.
Em sua explanação durante a reunião, a advogada Rosa Maria Cardoso da
Cunha, ex-advogada da presidente Dilma Rousseff e coordenadora do grupo “Golpe
Civil Militar de 1964” da comissão, afirmou que os primeiros levantamentos
sugerem que cerca de 50 mil pessoas foram presas em 1964, no Rio de Janeiro,
Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Pernambuco. Ela contou também que
os opositores do regime militar também eram presos em navios e estádios de
futebol. Nos navios Raul Soares e Almirante Alexandrino, cerca de 600 pessoas
foram mantidas presas, em sua maioria, sargentos e lideranças sindicais. Rose
citou o estádio Caio Martins, em Niterói, como um dos centros de detenção da
ditadura.
- O uso dessa violência permitiu ao regime militar construir o estatuto
de um Estado sem limite repressivo. Com três consequências: inoculou a tortura
como forma de interrogatório nos quarteis militares, a partir de 1964; fez da
tortura força motriz da repressão praticada pelo Estado brasileiro até pelo
menos 1976; possibilitou ao estado executar atos considerados inéditos em nossa
história política: a materialização de atos de tortura, assassinato,
desaparecimento e sequestro - disse Rosa.
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