A Comissão Nacional da Verdade (CNV) vai dar prioridade, este ano, à
pesquisa de documentos. Criada com o objetivo de resgatar a memória do
país e recuperar informações sobre casos de violação de direitos humanos
patrocinada pelo Estado entre 1946 e 1988, a comissão se concentrou no
ano passado em rodar o Brasil e arregimentar forças para os trabalhos.
Com resultado considerado satisfatório, o grupo se prepara para
aprofundar as pesquisas em arquivos públicos e já definiu o objetivo
para 2014: redigir o relatório final. O coordenador da CNV, Cláudio
Fontelles, tinha uma reunião marcada ontem com a presidente Dilma
Rousseff para apresentar o balanço dos primeiros meses de trabalhos da
comissão, mas o encontro foi cancelado de última hora. Ainda não há data
para uma nova audiência.
Os números levantados pela comissão
atenderam as expectativas do grupo. Em 2012, foram organizadas 11
audiências públicas em sete estados (Goiás, Rio de Janeiro, Pará,
Pernambuco, Minas Gerais, Paraná e São Paulo) e no Distrito Federal.
Entre audiências e diligências, o grupo percorreu 10 estados. Foram
promovidos encontros com 10 ministros de Estado e cinco governadores. A
CNV conseguiu coletar mais de 40 depoimentos individuais. Se forem
incluídos os depoimentos prestados nas audiências públicas, o número de
relatos e denúncias passa de 100. Fontelles considera os que resultados
conseguidos até agora não podiam ser mais satisfatórios. Para ele, a
comissão tem atingido seus dois principais objetivos: resgatar a
história do país e criar uma rede de defesa da democracia para que não
haja outro período de ditadura.
Êxito Entre os êxitos da comissão
está a adequada acomodação dos documentos encontrados pelo Estado de
Minas em julho no arquivo do Conselho de Direitos Humanos de Minas
Gerais (Conedh-MG). Nas caixas empilhadas na sede do órgão, havia um
depoimento da militante de esquerda Dilma Rousseff, no qual ela revela,
com detalhes, a tortura sofrida em Juiz de Fora, com informações até
então desconhecidas.
A pedido de Gilson Dipp, então coordenador
da CNV, o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, tratou de
cuidar da guarda dos arquivos. O colegiado temia que eles pudessem se
deteriorar. Hoje os papéis estão em um armário, devidamente protegidos
da luz do sol e das variações de calor e umidade.
Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/politica/2013/01/15/interna_politica,417861/comissao-da-verdade-faz-buscas-nos-arquivos-publicos.shtml
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