O termo “web
semântica” – ou Linked Data Web, web de dados ou web 3.0 – existe há
pouco mais de uma década. Sua origem pode ser rastreada em um artigo da Scientific American,
de 2001, escrito por Tim Berners-Lee, mais conhecido como o inventor da
World Wide Web, e coautores James Hendler e Ora Lassila. O texto
projeta uma web futurística em que uma estrutura comum permite que
aplicativos compartilhem e reutilizem dados.
O conceito parece um pouco confuso, mas
tecnologias de web semântica poderiam permitir uma variedade de usos que
não são possíveis com a web de hoje, centrada em documentos. O World
Wide Web Consortium (W3C), a organização internacional de padrões
liderando os esforços de web semântica, oferece cerca de 30 estudos de
casos de como as empresas utilizam, hoje, tecnologias semânticas em
diversas áreas. Um exemplo é na integração de dados, quando informações
em locais e formatos diferentes são integradas em um aplicativo
unificado.
As empresas têm abraçado, devagar, a web
semântica, mas soluções e ferramentas de software baseadas nessas
tecnologias são disponibilizadas por grandes fornecedores, incluindo a
IBM e a Oracle. Empresas menores incluem a Cambridge Semantics, que
oferece software corporativo de gerenciamento de dados semânticos.
O W3C vê a web semântica como uma
extensão, e não como uma substituta da web atual – uma estrutura que
expande os princípios da web de documentos para dados. Muitas
especificações semânticas para a web já estão em vigor, e o W3C continua
desenvolvendo mais especificações para padronizar a tecnologia.
Esses são os três principais padrões da web semântica:
- Resource Description Framework (RDF), um método geral para troca de dados na web, que permite o compartilhamento e a mistura de dados estruturados e semiestruturados por diversos aplicativos.
- SPARQL (Protocolo SPARQL e Linguagem de Consulta RDF), desenvolvido para consultar dados em diferentes sistemas.
- OWL (Ontology Web Language), que permite que o usuário defina conceitos de forma que possam ser misturados e combinados com outros conceitos de variados usos e aplicativos, de acordo com o tutorial sobre tecnologias de web semântica da Cambridge Semantics.
- Em entrevista por telefone para a InformationWeek EUA, Sean Martin, CTO da Cambridge Semantics, resumiu a web semântica em poucas palavras: “Basicamente, tudo o que você faz é marcar dados e dar uma descrição do que são”.
“Se puder adicionar informação – mais
metadados – o software pode interrogar o dado para descobrir o que é e
do que ele é capaz”, acrescentou Martin, que acredita que o surgimento
do big data possa ajudar a incentivar a adoção de tecnologias de web
semântica.
Eis o porquê: “em primeiro lugar, muitos
dos esforços de big data ainda estão muito crus”, disse Martin se
referindo ao Hadoop e tecnologias relacionadas. “As ferramentas são
relativamente imaturas e temos pessoas especializadas utilizando elas.”
E, por mais benefícios que o HDFS
(Hadoop Distributed File System) ofereça, incluindo excelentes
capacidades de redundância para operações de big data, ele tem suas
limitações. “Você pode criar oceanos de arquivos em HDFS. Mas quem sabe o
que eles significam?”, disse Martin. “E como fazemos para que as
pessoas possam usá-los?”
A semântica, acredita ele, oferece a
oportunidade de preencher essa lacuna. “Você pode pôr uma camada de
semântica em cima de qualquer sistema cru ou imaturo. E você passa a
usar padrões de dados abertos, que são todos bem escritos e cada vez
mais suportados universalmente”.
Isso não quer dizer que a aceitação
universal da web semântica esteja logo ali. Na verdade, os mais devotos
podem apenas espalhar a mensagem por mais alguns anos – sem nenhuma
garantia de êxito. “Existe a possibilidade de tentar impor isso pro
mundo – tentando fazer as pessoas entenderem para que serve, por que é
importante e o que pode ser feito com isso. Todas essas questões levam
tempo”, concluiu Martin.
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