terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Feliz Natal!

"A Melhor mensagem de Natal é aquela que sai em silêncio de nossos corações e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida".(Desconhecido)


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Memória da Bahia está em risco por descaso com o Arquivo Público

Tendo sido a primeira capital brasileira, é de se esperar que Salvador guarde importantes documentos da história do Brasil. O que não se espera é que esses documentos estejam em estantes cobertas, improvisadamente, por plásticos para que goteiras no prédio que os guardam não os destruam. A falta de pessoal qualificado agrava a situação.
Para Fátima Fróes, diretora da Fundação Pedro Calmon, entidade responsável pelo arquivo estadual, antes de ser um problema de descaso dos governos estaduais, trata-se de uma questão cultural que atinge todo país. “Os brasileiros não têm a cultura de valorizar sua memória. Estamos tentando mudar essa realidade, através da organização política de quem trabalha com o tema no país”, conta.
Enquanto isso não acontece, entra governo e sai governo, e os problemas do APEB vão sendo remediados lentamente, enquanto as traças fazem seu trabalho com rapidez e eficácia. O edifício histórico, construído no século XVI, sede do arquivo, está localizado numa área da cidade cujo nome anuncia o perigo para os documentos históricos: Baixa de Quintas. Baixa por estar em uma depressão, o que facilita o acúmulo de água em seu terreno. O prédio sofre com a umidade e a deterioração pelo tempo.
Para Tereza Matos, diretora do Arquivo, o ideal seria a transferência da instituição para outro prédio, de preferência novo. “Desde o governo de Paulo Souto, estamos pleiteando um novo edifício. O perfeito seria que ele ficasse no Centro Administrativo da Bahia, pois as principais demandas do arquivo vêm das secretarias”. Ela conta ainda que um estudo chegou a ser feito pelaFaculdade de Arquitetura da UFBA para a construção do prédio, em 2007, mas o projeto não saiu do papel.
Fatima Fróes confirma que não existe a possibilidade da construção de um novo prédio, ao menos nesse governo. “Buscamos soluções mais realistas e imediatas”, explica. Segundo ela, a Fundação Pedro Calmon tem procurado um edifício, entre o acervo arquitetônico do estado, para sediar, ao menos, uma parte do arquivo. “É difícil encontrar um prédio que tenhas as especificações técnicas necessárias”, explica.
Ela, no entanto, informa que o prédio da Baixa de Quinta não está tão distante de se tornar um local adequado para o arquivo. Segundo ela, foram feitos estudos no local e constatado que a umidade não é tão destrutiva como se pensava e o outros problemas também são contornáveis. Froés conta que além do processo de requalificação pelo qual o prédio vem passando, existe um grande projeto de restauração cujo estudo será finalizado em janeiro. “Serão cerca de R$ 7 milhões investidos, que devem ser viabilizados através de editais culturais de entidades como o BNDES”, conta.
Melhorias
O projeto para melhorar a situação do arquivo, sem a construção de um prédio novo, está dividido em três partes. A primeira já está em andamento e em sua primeira fase foi restaurada a parte elétrica do térreo. Para a segunda fase ser iniciada está faltando apenas a liberação da Superintendência de Construções Administrativas da Bahia (Sucab), pois a verba já está disponível há seis meses, segundo a coordenadora de pesquisa, Rita de Cássia Rosado. Nela, o primeiro andar do prédio terá uma reforma no teto e no forro, pré-requisito para a requalificação da parte elétrica. No primeiro andar ficava a sala de pesquisa do arquivo, que está fechada desde começo de 2012. Os pesquisadores usam uma sala menor, improvisada, no térreo.
A segunda parte do projeto seria encontrar um prédio para onde parte do arquivo seria transferido. A importância de mais espaço é explicada por Rita de Cássia Rosado. “Uma das nossas atribuições é recolher novos documentos. Temos material do Império até a Velha República, a partir daí, nada foi recolhido por falta de espaço”, explica. Caso um prédio com as especificações técnicas necessárias não seja encontrado, a Fundação Pedro Calmon tem um plano B. A ideia é construir, no terreno onde está o arquivo, um moderno anexo. A terceira parte do projeto será a grande restauração do prédio que está sendo preparada.
A historiadora Eneida Oliveira, mestranda da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), não tem dúvidas que o Arquivo Público da Bahia está longe de oferecer as condições ideais para os pesquisadores, nem para a manutenção de seu acervo. “Passei quase dois anos sem vir aqui e em alguns aspectos houve uma piora”, disse. Um dos aspectos citados por ela é a condição dos documentos. “Estou pesquisando documentos que já vi antes e muitos estão em piores condições. As restaurações, em alguns casos, ao invés de melhorar, pioraram suas condições”, relata.
Eneida Oliveira acredita que, além do espaço físico ser inadequado, o arquivo sofre também de falta de pessoal qualificado. “É fácil encontrar em algumas restaurações páginas coladas. Em outras fizeram uma costura que acabou escondendo informações. E muitos outros, por falta de manutenção, simplesmente se deterioraram ao ponto de não servirem mais para pesquisa. Não acredito que eles tenham pessoal qualificado para o trabalho”, conta, ressaltando que o atendimento pessoal aos pesquisadores é um dos aspectos positivos do arquivo.
A estudante de Arquitetura, Natália Tavares está pesquisando o urbanismo na Era Vargas há três meses e não esconde a decepção com a manutenção dos documentos pesquisados. “Muitos estão comidos pelas traças ao ponto de não servirem para pesquisa, outros estão com as páginas grudadas ou cheio de poeira, até o catálogo da época republicana não é bem organizado. Eu nunca entrei nas salas onde eles são arquivados, mas já me falaram que tem muita umidade, o que deve explicar a situação dos documentos”, conta.
Falta de pessoal
A diretora Tereza Matos admite que além das condições físicas, o Arquivo Público da Bahia sofre com a falta de pessoal especializado. Ela explica que um arquivo deve contar com três categorias de suma importância para o seu funcionamento adequado: historiadores, arquivistas e restauradores. Em todas elas, o arquivo conta com a metade, ou menos, do número ideal de profissionais. O cargo de arquivista, para piorar a situação, é de confiança, ou seja, não há funcionários do estado nessa área e eles podem deixar o cargo a qualquer hora.
O arquivo conta hoje com três historiadores, quatro arquivistas (seriam necessário mais seis) e três restauradores (seriam necessário mais cinco). Segundo a coordenadora de pesquisa, Rita de Cássia Rosado, o problema é agravado pelo fato de a equipe necessitar de férias e licenças. “Há também a questão da aposentadoria”, lembra.
Problema cultural
Segundo Fátima Fróes, o problema do Arquivo Público da Bahia passa por um problema cultural que atinge todo o país. Mas ela admite que a solução é uma responsabilidade, primeiramente, dos setores que lidam com arquivos e memória. “Somos nós que temos que chamar a atenção para o fato de que o Brasil ainda não dá a devida importância à questão. Precisamos nos organizar e começar a articular um movimento de mudança dessa realidade”, disse.
Ela informa que algumas medidas nesse sentido já estão sendo tomadas. “Estamos fortalecendo o colegiado setorial de arquivo e memória, que é parte do Conselho Estadual de Cultura. Isso ajudará a adquirirmos poder político para fazer com que nossos pleitos sejam atendidos e para que a questão da memória no país seja revista”, disse.
Ela conta que entre os pleitos já apresentados aos órgão nacionais de cultura, consta alguns que solucionariam problemas da Apeb. “Pleiteamos concursos públicos para aumentar o número de pessoal, por exemplo”. Fróes, no entanto, explica que a Fundação Pedro Calmon não está esperando que esses pleitos sejam as únicas fontes de solução. “Para remediar a falta de pessoal, estamos trabalhando com a possibilidade de convênios com as universidades”, conta.   

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Software aprimora utilização da plataforma Lattes através de Web Semântica

Por Ricardo Kuraoka Martins - ricardo.kuraoka@gmail.com 


SOS Lattes é um programa que implementa novas formas de se utilizar e consultar informações no Lattes por meio de funcionalidades como verificação de inconsistências entre publicações do orientador e seu orientando, a busca de informações agrupadas como núcleos de pesquisa, a geração automática de informações a partir dos dados que já foram enviados e consulta à base de conhecimento utilizando perguntas simples.
O projeto foi criado pelo Eduardo Ferreira para sua dissertação de mestrado no Instituto de Matemática e Estatística, com orientação da professora Renata Wassermann. Apesar da plataforma Lattes ser funcional e útil, Eduardo comenta que nela há grande enfoque no modo em que os dados são apresentados, mas não como são estruturados. As análises que a plataforma oferece são sempre muito gerais. Não é possível, por exemplo, checar os perfis de pessoas envolvidas em um mesmo projeto ou que trabalhem na mesma região.
A ideia está inserida no conceito de web semântica, que permite interligar os dados aos seus significados, o que abre muitas possibilidades de interrelação de informações. Como a quantidade de informações na internet tem crescido muito, é necessário criar modos de tornar esses dados passíveis de serem consumidos e analisados por máquinas.
O software foi criado a partir de três outros projetos: ScriptLattes, OntoLattes e SemanticLattes (daí o nome SOS Lattes). No projeto, foram escolhidos os melhores recursos de cada um para criar uma ferramenta única. Há ainda algumas funcionalidades que não foram implementadas, mas que o pesquisador imagina ser possíveis em breve como a busca através de nome, considerando que hoje só é possível pesquisar utilizando o número identificador e a inclusão de algoritmos mais precisos na identificação automática de autores.
Fonte: Instituto de Matemática e Estatística - USP 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Ciência Livre: vale a pena um professor criar o seu blog

Arquivo

Na virada do milênio, decidi repensar os meus arquivos e as minhas publicações. Hoje posso fazer um balanço.  Como professor e pesquisador, na área de desenvolvimento econômico, social e ambiental, tenho naturalmente que trabalhar com inúmeras publicações dos mais diversos tipos, textos, estatísticas, relatórios internacionais, artigos pontuais, além da minha própria produção. Fortemente pressionado pelo meu filho Alexandre, que achava pré-históricas (já naquela época) as minhas pilhas de papéis, pastas e clips, dei uma guinada, passei para o digital. Agradeço hoje ao meu filho, que me ajudou a montar o meu primeiro site. Alguns já chamam este tipo de ajuda de filhoware.

Decidi fazer este pequeno balanço porque deve ajudar muita gente que se debate com a transição. Deixem-me dizer desde já que o resultado não foi uma migração simples para o digital, e sim uma articulação equilibrada do impresso e do digital, bem como de publicação tradicional com publicação online. Chamemos isto de arquitetura do trabalho intelectual.

O ponto de partida foi o meu blog, http://dowbor.org, hoje de ampla utilização nacional e internacional, se é que esta distinção ainda existe. O sucesso não se deve apenas ao interesse do que eu escrevo e à facilidade de acesso que o blog permite, mas ao fato que do lado do usuário – leitor, aluno ou colega professor – houve uma drástica mudança de comportamento: a cultura digital do livre acesso está se tornando dominante. De certa forma, estamos adequando a oferta à nova demanda e ao novo formato de uso que emerge.

Deixem-me lembrar a força da dinâmica: o MIT, principal centro de pesquisa dos EUA, criou o OpenCourseWare (OCW), gerando em poucos anos mais de 50 milhões de textos científicos baixados gratuitamente pelo mundo afora. Harvard aderiu ao movimento com o EdX, a China trabalha com o CORE (China Open Resources for Education), a Universidade da Califórnia entrou na corrente em 2013, a Inglaterra contratou Jimmy Wales, criador da Wikipedia, para gerar um sistema de acesso gratuito online a toda pesquisa e publicação que tenha participação de dinheiro público. E quando áreas de excelência do mundo científico abrem o caminho, é provável que se trate do futuro mainstream. No Brasil estamos dando os primeiros passos, com Recursos Educacionais Abertos (REA), de maneira ainda muito tímida.

Isto dito, eu que não sou nenhum MIT, constatei nestes anos de experiência prática do meu blog o seguinte, esperando que as informações sejam úteis:

1) A criação de um blog individual de professor representa um investimento extremamente pequeno, comparando com o benefício obtido, sobre tudo porque hoje temos estagiários blogueiros da nova geração que tiram isto de letra. Não custará muito mais do que uma bicicleta. A alimentação do blog, por sua vez, é igualmente simples, basta escrever alguns passos no papel e seguir. E se tiver filho é mais simples ainda.

2) Ter um blog não é um ônus em termos de tempo, pelo contrário. As pessoas imaginam ter de “alimentar” um blog, ou seja, comunicar o tempo todo. Um blog científico, na realidade, como o meu, é muito mais uma biblioteca de fácil acesso universal, do que uma “newsletter” que eu tenha de acompanhar e administrar.
Não faz muita diferença com uma estante na minha biblioteca, com a diferença que é muito mais fácil encontrar o meu texto com uma palavra chave no computador, do que localizá-lo na estante ou nas pilhas. E quem precisa de um texto pode pegá-lo no meu blog, não precisa me pedir o livro emprestado nem perder tempo dele e meu. Pegam o que precisam, e eu não deixo de ter o que pegam.

3) A produção científica e a divulgação deixam de constituir processos separados. O artigo ou o livro que o professor escreve, ou que recebeu e quer divulgar, é colocado no blog, e está no ar. Quem se interessar pode pegar. Recebi um e-mail de Timor Leste, onde falam português, pedindo para utilizar na formação de professores o meu texto Tecnologias do Conhecimento: os desafios da educação, editado pela Vozes. Autorizei e agradeci. Não precisei ir lá oferecer, nem empacotar livros. E eles encontraram simplesmente porque colocaram palavras chave na busca por internet. Cria-se um mundo científico colaborativo. Não me pagam nada, mas é útil, e tenho meu salário na PUC. Ponto importante, o livro vai para a 6ª edição pela editora, uma coisa não atrapalha a outra, a editora encontra o seu interesse também.

4) O essencial não está na gratuidade, mas na facilidade de acesso e na pesquisa inteligente. Procurar um artigo que saiu em alguma revista, e buscá-lo numa biblioteca, nesta era em que o tempo é o recurso escasso, francamente já não funciona. Mais importante ainda é a possibilidade de folhear em pouco tempo dezenas de estudos diferentes sobre um tema, através da pesquisa temática, cruzando enfoques de diversas disciplinas, autores e visões. Conhecer o estado da arte de um problema determinado, de maneira prática, ajuda muito na construção colaborativa do saber e na inovação em geral.

5) O blog torna-se também uma biblioteca de terceiros. Coloco no blog, em Artigos Recebidos, textos que me enviam e que me parecem particularmente bons, tanto para o meu uso futuro como para repassar a outras pessoas. Por exemplo, quando me fazem uma pergunta sobre energia, recomendo que peguem no meu site o artigo de Ignacy Sachs, disponível na íntegra, sobre A Revolução Energética do Século XXI. Forma-se assim uma biblioteca personalizada que irá facilitar imensamente consultas posteriores, ou recomendações de leitura para alunos.

6) Como professor, recebo frequentemente textos excelentes dos meus alunos. Conheço suficientemente a minha área para saber que se trata de um ótimo trabalho. Normalmente, ninguém leria o trabalho, pois o aluno não é conhecido. Eu coloco no blog, e envio um mailing para colegas e colaboradores, alertando para um bom texto que surgiu. Costumo receber agradecimentos do aluno, que viu o seu estudo solicitado por várias pessoas. Enterrar um bom trabalho numa biblioteca é uma coisa triste. De certa forma, utilizo assim o meu blog para “puxar” para a luz bons trabalhos de pessoas menos conhecidas.

7) Tudo isto está baseado no marco legal chamado Creative Commons, internacionalmente reconhecido, que me assegura proteção: as pessoas podem usar e divulgar, mas não utilizar para fins comerciais. Trata-se da plataforma jurídica da ciência colaborativa, instrumento que me protege ao impedir a apropriação comercial, a deturpação do texto ou o uso sem fonte, ao mesmo tempo que permite que o texto seja imediatamente acessível para fins didático-científicos ou recreativos. O Google-Scholar me permite inclusive acompanhar as citações que fazem dos meus trabalhos.

8) Um enriquecimento muito importante do processo, é que me permite utilizar texto, imagens e sons sem nenhum constrangimento em cada produção, associando ilustrações artísticas, fragmentos de um discurso ou animação gráfica sem nenhum constrangimento, pois do lado de quem lê haverá a mesma facilidade. A experiência criativa fica particularmente valorizada, considerando as dificuldades de tentar se reproduzir determinados gráficos, que podem ser simplesmente copiados para o texto em elaboração, ao mesmo tempo que se inclui o link do texto de origem, ajudando a divulgá-lo e facilitando verificações. A multimídia bem utilizada é muito útil.

9) Trata-se de uma ferramenta em que o universo educacional, em particular, tem muito a ganhar. Em vez do professor procurar em revistas das bancas de jornais artigos para discussão com alunos, pode pesquisar os textos online, e repassar para os alunos os links. Os alunos inclusive encontrarão diversos textos online sobre o tema, desenvolverão a sua capacidade de pesquisar no imenso acervo digital, trarão para a discussão enfoques diversificados. Cabe a nós assegurar que haja um rico acervo de textos científicos disponíveis online, alimentando de certa forma o conjunto do universo educacional. O professor será aqui um pouco menos um transmissor de conhecimento, e bastante mais um organizador que ajuda a entender o que é relevante e ensina a trabalhar com conhecimento organizado.

10) O processo não conflita com o sistema atual de avaliação de professores. Para quem não é da área acadêmica, informo que o fato de milhares de pessoas lerem os meus textos online não me dá créditos acadêmicos. A minha solução, é que publico sim em periódicos formalmente avaliados como “acadêmicos”, para ter os créditos que a CAPES me pede. Mas para ser lido, publico online. Uma coisa não impede a outra. Aliás, um artigo meu publicado pela universidade da Califórnia, por exemplo, e que não me pagaram, só pode ser acessado mediante pagamento de 25 dólares a cada 24 horas. Chamam isto de direitos autorais. Esperar ser lido nestas condições, francamente não é muito realista. A Elsevier cobra entre 35 e 50 dólares por artigo e por acesso. Já são mais de 15 mil cientistas americanos que boicotam as revistas ditas “indexadas”, e publicam em sites abertos, inclusive com open peer-review. Mas enquanto a CAPES não atualizar os seus critérios, precisamos utilizar o papel e o digital, um para pontos, outro para leitores.

11) Com pequenos conselhos de alunos e colegas, fui acrescentando ao blog os instrumentos mais evidentes de comunicação. No blog abri a possibilidade de qualquer pessoa se inscrever para receber meus e-mails sobre materiais científicos que me parecem relevantes. Tenho atualmente mais de três mil “colegas virtuais”, a quem envio de forma não invasiva uma notinha sobre novos textos que surgem e que estão disponíveis no meu site. Uma aluna me colocou no twitter, são cerca de 3,5 mil seguidores que recebem os textos meus ou os que recomendo. O Facebook é outro instrumento, permite fazer circular o material. Por tanto, a minha biblioteca virtual não só organiza os textos que utilizo, como se comunica facilmente com todos os interessados, mesmo que não me conheçam.

12) Uma virtude básica do processo que precisa ser entendida, é que os textos circulam não só porque alguém os coloca online, mas porque são interessantes. Não porque os donos da mídia os divulgam e recomendam, mas porque os usuários os acham bons. Quando me chega um bom texto, a primeira coisa que faço é repassar com comentários. Ou seja, o que passa a circular, é o que é realmente bom, o que corresponde ao que as pessoas necessitam como informação científica organizada. Ao olhar as estatísticas de acesso aos meus trabalhos, posso identificar o que realmente está sendo lido, e pelos comentários posso avaliar insuficiências ou correções necessárias. O texto passa a constituir um processo interativo de construção científica.

13) Finalmente, eu acho que da mesma forma que temos pela frente a democratização da mídia – e surgiram excelentes alternativas de informação inteligente como Carta Maior, Envolverde, Mercado Ético, IHU, Outras Palavras, Monde Diplomatique e tantos outros – precisamos também criar um movimento do tipo “ciência livre”, que tire os nossos textos do esquecimento das bibliotecas. O Instituto Paulo Freire, por exemplo, ao constatar que com a lei atual de Copyright só teremos acesso aberto aos textos do pedagogo a partir de 2050, colocou grande parte dos seus escritos online, com exceção de alguns trancados por contratos de direitos muito restritivos. É uma imensa contribuição. Mas acho que temos de fazer isto com todos os nossos grandes gurus, com os transformadores atuais da ciência, e com textos da nova geração que estão inovando. É incrível sermos inundados por bobagens nos meios de comunicação sem que o peçamos, e que dificultemos o acesso aos trabalhos científicos essenciais para o progresso educacional do país. Enterrar dissertações de mestrado e teses de doutorado em bibliotecas, elas que custaram anos de trabalho do professor e do pesquisador, é absurdo.

Permito-me aqui fazer uma recomendação para todos os professores. Organizem o seu blog, hoje um Wordpress é gratuito e muito jovem lhe ensinará o caminho. Temos de dar este passo, e criar um ambiente rico e colaborativo no nosso mundo científico-acadêmico. Francamente, acho que faz parte da vocação do professor e do pesquisador não só ensinar e inovar, com organizar de forma moderna a comunicação das ideias que possam enriquecer a nova geração e enriquecer-nos uns aos outros. E se quiserem se inspirar do meu blog como estrutura e divisões (apanhei um pouco no começo até montar um blog adequado para professor), fiquem à vontade, eventualmente posso até recomendar pessoas que possam ajudá-los. Vamos encher este país de ciência, de boa ciência, progressista, transformadora.

Quanto ao medo das pessoas de nos vermos invadidos por ciência irresponsável, descontrolada, francamente, são os mesmos medos que surgiram com o open access, com a Wikipédia, e outros. Os textos ruins ou irrelevantes simplesmente não circulam, e não serão lidos. Um professor comentando o sistema de peer-review publicou online a seguinte nota a respeito: “Eu conheço a minha área, não preciso que alguém me diga se um artigo é relevante ou não”.  
Créditos da foto: Arquivo

Prefeitura vai abrir edital para digitalização de documentos


Com o objetivo de facilitar a localização de documentos, agilizar o serviço dos servidores municipais e propiciar condições mais efetivas e seguras para a preservação de informações, a Prefeitura de Santa Cruz do Sul promoverá a digitalização de todos os documentos existentes no arquivo do município. A licitação que escolherá a empresa responsável pelo serviço será aberta até o final deste mês, sendo que o edital prevê um investimento de R$ 700 mil. A intenção é reencaminhar e aprovar, no primeiro semestre de 2013, o projeto relativo às ações do Programa de Modernização da Administração Tributária e Gestão dos Setores Sociais Básicos (PMAT) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O acervo de documentos a serem digitalizados é constituído, principalmente, por papéis em tamanho A4 e A3 (empenhos, termos de contrato, fichas funcionais, peças processuais entre outros), e também de documentos em páginas de tamanho A0, A1 e A2 (mapas, plantas entre outros). No total, serão digitalizadas 3,26 milhões de páginas de documentos. A empresa vencedora do pregão eletrônico também será responsável pela triagem, organização, indexação e lançamento dos arquivos digitalizados no servidor de banco de dados próprio do município, além do fornecimento dos equipamentos necessários para a execução do projeto, tais como scanners, estações de captura de imagens, estações de controle de qualidade, entre outros.

Para o orçamento do ano que vem, está prevista a aquisição de um novo software de gestão eletrônica de documentos (GED), em que o sistema híbrido possibilita trabalhar com informações tanto no suporte digital quanto em papel. Conforme o coordenador da Unidade de Execução Municipal, Luciano Cirolini, os documentos do arquivo não serão eliminados após a digitalização. “A eliminação de documentos no setor público obedece a procedimentos previstos na legislação arquivística específica, tais como a elaboração de uma tabela de temporalidade para determinar o prazo de permanência dos documentos em arquivo, conforme as normas do Conselho Nacional de Arquivos”, destaca.

O edital ainda contempla o treinamento de quatro funcionários da Prefeitura, que serão capacitados para dar sequência ao processo. Todas as etapas serão acompanhadas pela profissional arquivista Fabiana Paim Venturini, formada em arquivologia e recentemente nomeada para integrar o quadro de funcionários da Administração Municipal através de concurso público, dado a importância da sua atividade. “Mais do que agilizar a localização de documentos, a digitalização proporcionará mais segurança na gestão das informações, uma vez que os dados estarão registrados no sistema e em papel. A principal finalidade do processo não é eliminar os papeis, e sim facilitar o acesso e evitar o manuseio do original, contribuindo para a sua preservação”, explica.

O secretário municipal de Administração e Comunicação Social, Edemilson Severo, lembra que a digitalização dos documentos faz parte do projeto de implantação de um modelo de gestão modernizada que busca melhorar o desempenho dos servidores em suas diversas áreas de atuação, bem como racionalizar processos, localizando com agilidade e eficiência documentos públicos arquivados junto à Prefeitura. “Este processo, além de economicidade, proporcionará eficiência na busca de registros que são indispensáveis para pesquisa ou comprovação de qualquer documento que eventualmente possa interessar para o ambiente interno ou para a população”, afirma.
Fonte: http://www.gaz.com.br/_conteudo/2013/12/noticias/regional/7801-prefeitura-vai-abrir-edital-para-digitalizacao-de-documentos.html